
Quem Somos
E do que vivemos.
Quem Somos
A gente vive em Catuçaba, um distrito de São Luiz do Paraitinga, no alto da Serra do Mar. Por aqui, o relevo é inclinado, a estrada é de terra, e a paisagem muda de cor a cada estação. Foi nesse lugar que decidimos não apenas morar, mas enraizar um jeito de produzir e viver.
A Lano-Alto nasceu da decisão de fazer parte de um território, não só ocupá-lo. A cada dia, aprendemos com o tempo do pasto, com os vizinhos, com os perrengues do interior e com as delícias que brotam do chão. Não viemos pra ensinar nada, viemos pra aprender o que ainda não sabíamos.

Somos uma família que acredita em comida de verdade. Daquelas que não escondem seus ingredientes: que têm origem, história e responsabilidade. Que também precisam ser possíveis e acessíveis no mundo atual. Tudo que sai da nossa cozinha já passou antes pela nossa mesa.
Produzimos uma série de alimentos lácticos: iogurtes, queijos frescos e maturados, ricotas, requeijão de prato e um doce de leite que dá gosto de contar. Tudo feito com leite cru certificado do nosso próprio rebanho de vacas Jersey, criadas a pasto em manejo regenerativo. É uma escolha que exige mais, mas devolve mais também.

A microescala nos permite olhar de perto. Não queremos crescer demais, nem “escalar” como mandam os manuais. Queremos produzir o suficiente pra alimentar bem, construir relações diretas e entender que cada pote, cada queijo, cada entrega, é também um elo social e ambiental.
Acreditamos que o alimento de origem é uma cápsula do território. Cada produto nosso carrega a altitude, a umidade, as plantas da estação, o cuidado com o solo e o ritmo do clima. E tudo isso se transforma em sabor. Não é sobre o que vendemos. É sobre o que a terra deixa a gente contar.

Mas nem tudo é romance. Em 2021, vivemos o que talvez tenha sido o momento mais difícil da nossa caminhada: parte da nossa produção foi destruída por agentes sanitários por questões burocráticas; apesar de ser segura, rastreável e artesanal. Aquilo nos marcou profundamente.
Foi a partir desse episódio que decidimos entrar de cabeça na arena política. Participamos de frentes, audiências, conversas difíceis e necessárias. Porque acreditamos que a produção artesanal tem direito de existir, e mais que isso: tem potencial de ser modelo de futuro, e não de exceção.

Hoje, seguimos lutando por mudanças de legislação que reconheçam os pequenos, os diversos, os que fermentam devagar. Não estamos sozinhos — e isso também nos alimenta.
Ao longo do caminho, tivemos o privilégio de ver nossos produtos ganhando espaço nas mesas de chefs importantes, de restaurantes que admiramos e, sobretudo, nas casas de quem reconhece que o melhor sabor não vem da indústria. Alguns prêmios chegaram, é verdade, mas nada se compara à alegria de ver nossos produtos sendo escolhidos, repetidos e divididos por quem sente e pensa como a gente.
Ser responsável com o que vendemos é nossa régua ética. Vendemos aquilo que a gente mesmo consome. Não tem nada na nossa prateleira que não esteja também na geladeira da nossa casa. Comida que faz bem — pro corpo, pro planeta e pro entorno.

A gente não acredita em perfeição, mas em presença. Cada lote conta uma história diferente, porque aqui as vacas não produzem igual todo dia. Nem a gente. O pasto muda, o clima muda, a nossa mão muda. E isso não é defeito. É vida.
Na contramão da pasteurização de tudo, escolhemos o risco calculado de seguir com o alimento vivo. Seguimos com as mãos no leite, na terra, na lenha, e com o pé fincado no presente.
Esse é o nosso ofício e o nosso território. Não só o que a gente faz. Mas como a gente escolheu existir.